Os tempos mais gloriosos da história recente do Atlético Mineiro vão sempre trazer uma boa memória para os fãs do Galo. Quiçá até fãs de outros times (exceto os do Cruzeiro) vão manter em mente por muito tempo aquela campanha de 2013 rumo à conquista da primeira Copa Libertadores, que serviu para “corrigir” as injustiças cometidas contra o time de 1981 que tinha tudo – menos a arbitragem – a seu favor para levar o caneco continental à época.

É interessante pensar que naquele período o elenco do Galo era composto por atletas competentes e talentos que buscavam voltar a ter um lugar ao sol. Em oposição ao time atual do Flamengo, e a tantos outros que conquistaram a Copa Libertadores antes e depois do Galo, o time não havia gastado quantidades absurdas de dinheiro para montar o esquadrão que eventualmente conquistaria a América. Os investimentos mais caros ali eram o atacante Diego Tardelli, voltando de uma curta passagem pelo Al-Gharafa, do Qatar, e Ronaldinho Gaúcho, após um fim dramático de seu percurso no Flamengo.

Enquanto foram Tardelli e Ronaldinho os que mais emplacavam as capas de jornais durante a campanha da Libertadores, não se pode esquecer daqueles que montaram o alicerce daquele grande time. Para além do heroísmo do goleiro Victor, houve também a solidez defensiva provida pelos zagueiros Réver e Leonardo Silva, a raça no meio-campo de Pierre e Josué e também a correria de Luan e Bernard, contribuindo tanto no ataque quanto na defesa, apesar de serem atacantes de origem.

No nível nacional, a coisa é quiçá ainda mais periclitante. Desde 2015, quando chegou ao segundo lugar do Campeonato Brasileiro, a equipe tem visto um declínio constante na tabela do torneio. Mesmo na melhor bolsa esportiva, a da Betfair, as chances de o Galo obter resultados dentro e fora de casa neste final de temporada do Brasileirão são relativamente baixas perante a sua grandeza.

Dessa forma, os anos de glória se transformam em momentos de preocupação para os torcedores do Atlético Mineiro, que até pouco tempo celebravam a conquista da Copa do Brasil e sonhavam em reconquistar o título brasileiro – que já não chega às mãos do Galo desde 1971.

O cenário presente, principalmente a nível macro, é uma outra fonte de preocupações. O futebol brasileiro parece estar em vias de se consolidar de maneira semelhante aos torneios de liga na Europa, em que alguns poucos times se firmam como candidatos perenes a títulos. O Flamengo foi o primeiro a atingir esse patamar graças aos seus recursos financeiros, que têm sido utilizados de maneira inteligente para se obter bons resultados em campo.

Ainda há espaço para que oponentes ao Flamengo apareçam. Entretanto, o tempo para que isso aconteça é curto e exigiria finanças e/ou habilidades de alavancagem de que muitos times, incluindo o Galo, não dispõem no momento. Assim, o maior concorrente atual perante o time carioca é o Palmeiras, com apoio maciço de mecenas disponibilizado por sua patrocinadora máster, a Crefisa, acompanhado de outros times que começam a emergir, como o Grêmio e o Santos.

Obviamente, a esperança é a última que morre. Assim como já acontece nessas ligas estrangeiras, se o caminho de dominância financeira é um impedimento, constroem-se outras maneiras de se atingir objetivos. Uma boa tática para a contratação de atletas no mercado, usando profissionais como analistas de desempenho para indicar jogadores que podem ser boas pechinchas, é um excelente começo.

Isso sem deixar de mencionar as categorias de base do clube. Atletas como Alerrandro e Marquinhos, que muitas vezes são vistos apenas como “moeda de troca” para a obtenção de fundos que são usados na contratação de medalhões, podem ter uma função muito maior na equipe. A questão é de dar espaço e tempo para que estes jogadores amadureçam e deem de volta ao Galo todo o valor que foi investido neles durante a sua formação. Essa é uma de muitas chaves que podem (re)abrir as portas da felicidade para o Atlético num futuro próximo.