Na tarde dessa quarta-feira (30) aconteceu a votação do Relatório final da Comissão Parlamentar de Investigação (CPI) que está apurando a contratação de funcionários fantasmas pelo atual Prefeito Marcio Reinaldo. O relatório elaborado pelo vereador Dalton Andrade (PT), relator da CPI, foi reprovado pela comissão por três votos.

A Comissão que tem como presidente o vereador Milton Martins é composta pelos vereadores Marcelo Cooperselta (PMN), Dalton Andrade, Marli de Luquinha (PMN), e Dr. Euro Andrade (PP).  O advogado Doutor Henrique Faleiro foi contratado para acompanhar os trabalhos da comissão, e apesar de ter participado da reunião de ontem (30), ele não votou, pois não é considerado um membro da CPI.

O relatório foi totalmente lido pelo relator, que foi à Brasília no dia 19 de janeiro fazer oitiva com a funcionária Neylia, sem a presença de nenhum membro da comissão. Após analisar e-mails enviados pela prefeitura, e conversar com a suposta funcionária ele concluiu que Neylia Rocha Nunes Segredo, “era uma funcionária importante para a prefeitura de Sete Lagoas”. 

Relatório final da CPI dos funcionários fantasmas é reprovado por comissão/ Foto: ascom Câmara

O relatório ainda diz que a comissão não trabalhou da maneira adequada, não procurou provas e não poderia considerar Neylia como funcionária fantasma. Milton Martins e Marcelo Cooperselta não concordaram com a conclusão.

“A Neila, ou Nelya teve a oportunidade de vir a esta Casa para se defender ou para justificar todos estes trabalhos. Antes de fazer a oitiva nós conversamos entre nós da comissão para decidir se seria aqui ou se iríamos lá (Brasília) e ficou acordado e votado que iríamos fazer aqui. Ela jamais pode dizer que não veio por causa de endereços, o próprio relator afirma em seu relatório que ela recebeu e-mail e respondeu, então ela teve a ciência da oitiva. Nós não ouvimos ela porque ela não veio”, explicou Cooperseltta.

O vereador ainda completou dizendo que ao contrário do que foi dito por Dalton, a comissão trabalhou e também investigou os funcionários. Cooperseltta frisou o fato da funcionária ter tomado posse no dia 14 de abril e não estar no Brasil. “Aí acabou, quando vi isso tive mais certeza que ela era uma funcionária fantasma.”

Milton Martins lembrou que a CPI seguiu em sigilo para não comprometer a investigação, mas que possuía diversos documentos da vida profissional de Neylia e alguns que levantam fortes suspeitas. “Quando a Polícia Federal me apresenta um documento que na data que Neylia toma posse em Sete Lagoas ela estava nos Estados Unidos (EUA), e foi recolhido o INSS dela, no mínimo é fraude documental, uma posse ilegal. Há algo questionável.” Ele também votou contra o relatório de Dalton afirmando que houve amplo direito de defesa para os envolvidos, mas que existiam prazos.

Relatório final da CPI dos funcionários fantasmas é reprovado por comissão/ Foto: ascom Câmara

“Toda a verba que veio pra Sete Lagoas foi colocada na conta da Neylia, se a prefeitura no início da CPI tivesse apresentado todo este documento, eu como presidente teria que falar que não é funcionário fantasma.” Milton ainda afirmou que toda a documentação enviada pela prefeitura e presente no relatório, foi apresentada de uma forma questionável.

“Não estou tirando mérito de se querer aprofundar na investigação, mas acho que se a prefeitura tinha estes e-mails e conhecimento de todo o trabalho da Neylia, por que eles não anexaram todo este documento quando estiveram aqui nesta Casa? Não seria mais transparente da parte deles? Fica o questionamento de onde inventaram tanto trabalho? Será que no dia 22 de dezembro de 2015 eles não sabiam do trabalho da Neylia de 2012, 2013 e 2014?”

Martins completou frisando que os membros da comissão estavam em Sete Lagoas e não foram convidados pra ir à Brasília, o que pode levantar a suspeita de interesses políticos na defesa do prefeito. “Aí quando você pega o líder do prefeito (Renato Gomes) e leva nesta investigação, é questionável”, completou.

A ida de Dalton à Brasília foi bastante discutida durante a votação, e o único motivo de Marli votar contra o relatório final. “Me senti ofendida quando você disse que confiava apenas no Euro e no Renato para ir em Brasília. Por que você não nos convidou para participar deste relatório, já que somos membros dessa comissão? Acho que faltou respeito conosco da comissão”, desabafou Marli.

A vereadora ainda afirmou que reconhece o trabalho feito por Dalton, e que realmente seria prematuro afirmar que a Neyla é uma funcionária fantasma. “Estou votando contra o seu relatório e não afirmando que ela é fantasma”, explicou.

Relatório final da CPI dos funcionários fantasmas é reprovado por comissão/ Foto: Cristiane Cândido

Além do próprio relator, o vereador Euro Andrade foi o único a votar a favor. De acordo com Euro, o relatório ficou bastante detalhado e muito bem feito. “Eu não tenho dúvida nenhuma que não existiu funcionário fantasma. Independente de posição política, eu seria incapaz de acobertar uma irregularidade”, afirmou confirmando seu voto.

De acordo com o advogado Faleiro, com a reprovação o relatório deve entrar na pauta da próxima Reunião Ordinária (17), para votação de todos os vereadores, o próximo passo é enviar os documentos ao Ministério Público. Dalton afirmou que já esperava este resultado por causa da posição política dos membros, mas que espera que a verdade prevaleça. “O relatório prova que a funcionária trabalhava. Vou pedir o bom senso do plenário para derrubar o veto e aprovar o relatório, ele ainda não morreu”, finalizou.

Por Cristiane Cândido