COVID: Projeções para Minas mostram aumento de mortes e doentes até 13 de maio
- Categoria: Minas
Enquanto Belo Horizonte vislumbra uma desaceleração dos casos e mortes por COVID-19, projeções de especialistas mostram que o estado de Minas Gerais tomou a direção da multiplicação da doença no próximo mês.
O estado acaba de registrar o seu recorde de mortes na última quarta-feira (7/4), com 508 vidas perdidas em 24 horas. E caminha para ter outro pico de mortes, com alta de 41,12% dentro de 12 dias e a marca de 19,09% de aumento em um mês, se mantida a atual situação, segundo prognósticos de especialistas.
As projeções são do modelo Geocovid MapBiomas, um esforço de cinco organizações acadêmicas (UEFS, UFBA, UESC, UNEB e IFBA), empresas emergentes de base tecnológica (GEODATIN e SOLVED) e o MapBiomas, que criaram essa ferramenta para monitorar o avanço da COVID-19 no Brasil.
Sem uma vacinação ampla e eficiente, a perspectiva do infectologista Carlos Starling é congruente com a modelagem elaborada pelo Geocovid MapBiomas, com a pandemia se arrastando por meses e até anos. O especialista, que também é diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, não acredita que a vacinação consiga impedir o agravamento de quadros sem isolamento social eficiente.
“Muito provavelmente, com esse ritmo lento de vacinação, vamos demorar uns dois anos para se ter um impacto relevante. Poucas vacinas chegam aos poucos. Até há uma perspectiva de chegarem mais vacinas no segundo semestre deste ano, aí pode ser que em meados do próximo ano tenhamos uma melhora consistente. Para este ano é irreal uma melhora só com vacinação”, prevê Starling.
No estado, as condições diferentes das regiões e municípios colaboram para um controle desigual. As projeções feitas em outras grandes cidades mineiras mostram preocupação em algumas delas no próximo mês, caso nada seja feito para conter as interações sociais.
Em Betim, por exemplo, na Grande BH, a alta de casos pode ser de 38,67% e as mortes de 44,93%. Em Juiz de Fora, maior cidade da Zona da Mata, o histórico de altas de casos positivos, segundo o modelo, devem trazer ampliação de óbitos na casa de 76,11%, mas as contaminações devem cair 15,21%.
“Uma coisa que pode ser feita é um lockdown em uma ou outra cidade para o sistema de saúde não entrar em colapso. Isso deve, sim, ser avaliado e feito sempre que necessário”, observa o diretor da Sociedade Mineira de Infectologia.
“Minas Gerais é do tamanho da França. Há regiões melhores e muito piores. O manejo da epidemia em MG é diferente, até mesmo a forma onde a epidemia está em pico, em uma determinada região, e em outra está melhor”, avalia Starling. Segundo o médico, não há medida única.
“Deveria ter sido feito um lockdown de 14 a 21 dias em todo o país para se ter uma queda importante nos números. Mas essa medida não foi considerada pelo governo federal e vamos viver, de agora para frente, com a epidemia indo e vindo. Se as pessoas relaxarem muito o isolamento, isso aumenta a mobilidade e a epidemia volta com tudo. Aí, alguns locais se fecham e a epidemia recua de novo. Era preciso ter uma coordenação nacional”, avalia.
O Geocovid Mapbiomas foi lançado há um ano, com o propósito de monitorar o avanço da COVID-19, inicialmente, nos municípios da Bahia, ajudando as autoridades de saúde na gestão e no enfrentamento da pandemia.
A grande procura por pesquisadores, profissionais da imprensa e gestores públicos fez o projeto se ampliar nacionalmente. A iniciativa combina recursos de geotecnologias com inteligência artificial para monitorar e prever a evolução da pandemia.
A reportagem procurou a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), mas a pasta responsável pela Saúde informou não ser possível entregar, até o fechamento desta matéria, uma análise sobre as tendências da COVID-19 em Minas Gerais.
Com Estado de Minas