Minas tem queda em doações de órgãos; pandemia seria uma das responsáveis
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O número de doadores efetivos de órgãos caiu no primeiro semestre deste ano, segundo a associação do setor, em dados divulgados nesta sexta-feira (13). Minas Gerais teve quedas em doações de fígado e pâncreas.
Segundo o editor-chefe do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT) e membro do Conselho Consultivo da associação, Valter Duro Garcia, o que explica a queda é o aumento de 44% na taxa de contraindicação, em parte pelo risco de transmissão de covid-19 ou pela dificuldade de fazerem o teste PCR para a detecção da doença ou para obter o resultado rapidamente.
“O que acontece no Brasil ocorre em praticamente todos os países que tiveram a pandemia mais violenta, assim como foi para nós. A covid-19 impactou o número de transplantes, doadores e transplantados que tiveram risco maior de morrer pela doença. Até o ano passado, de cada três potenciais doadores, um se tornava doador. Neste ano, de cada quatro potenciais, só um efetivou. Ou porque o doador testava positivo para covid-19, ou porque não se tinha rapidez no resultado do teste para levar à cirurgia. A covid-19 atrapalhou a efetivação da doação.”
Minas Gerais teve queda em dois tipos de doações: em transplantes de fígado (27%) e de pâncreas (17%). Segundo Garcia, a queda do número de transplantes também pode ser atribuída à queda no número de leitos disponíveis para esses pacientes, já que em decorrência do aumento dos casos de covid e a necessidade de mais leitos para internações tanto nas enfermarias quanto nas unidades de terapia intensiva (UTI). "Os leitos que seriam de transplantados foram transformados em leitos covid. Com a queda nas internações, tenho a segurança de que o segundo semestre será melhor do que o primeiro", disse.
Garcia também observou que os pacientes que estavam na lista de espera e não fizeram a imunização adequada, podem aumentar a lista de espera para alguns e, para outros, isso pode significar até mesmo aumento da mortalidade. Segundo ele, entre aqueles que já estão transplantados, cerca de 80 mil, a covid significou mortalidade dez vezes maior do que para a população geral do país.
De acordo com o médico, a expectativa para o segundo semestre, com a vacinação avançando, é que se recupere o tempo perdido. “Espero que atinjamos os níveis do ano passado e no ano que vem, o nível de 2019, antes da pandemia e o melhor ano em termos de doação que já tivemos. Em 2020, perdemos um pouco, neste primeiro semestre, perdemos outro pouco, no segundo semestre começa a recuperar e normaliza em 2022”, estimou Garcia.
Da redação com Agência Brasil