Com alta dos preços do frango, consumidores trocam compras e buscam carne de porco
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A elevação no preço das carnes pesa no bolso do consumidor, mas também impõe desafios para os comerciantes. A reportagem da Itatiaia percorreu diversos açougues na região Noroeste de Belo Horizonte para saber como o comerciante está lidando com os preços e quais estratégias utilizam para conseguir atrair clientes.
Gabriel Henrique Silva, de 25 anos, dá um panorama da situação. “A gente está tendo aumento semanalmente. Com as demandas o consumidor tem mudado a estratégia para tentar conseguir comprar carne, eles estão mudando para frango, para carne de porco, mas acaba que com o aumento da demanda os frigoríficos, os fazendeiros, estão tendo esse aumento meio que semanalmente, então dá essa diferença de preço, dá uma reajuste para a gente e acaba afetando o consumidor final.”
O comerciante explica que é preciso apostar em estratégias e até mesmo diminuir a margem de lucro para tentar vender mais. “Diminuir um pouco nossa porcentagem para tentar ganhar na quantidade, a nossa margem de lucro abaixou, principalmente na carne de boi, porque já teve um aumento excessivo, e tentar manter os preços das carnes de frango e porco para o consumidor continuar comprando com a gente. O boi a gente diminui a porcentagem e mantém as porcentagens no frango e no porco, tentando fazer algumas promoções, alguns kits, promoções de carne moída.”
Zileia Leide, de 43 anos, diz que a situação está difícil para o comerciante. “Complicado porque a carne não para de aumentar, então isso acaba que prejudica a gente e prejudica as pessoas, que querem comprar, mas como que compra? A carne cara para gente é péssimo, porque a gente acaba perdendo [clientes], se fosse barato seria ótimo, estava dando fila.”
Zileia diz que a carne de porco tem sido a salvação, mas o cenário pode mudar nos próximos meses. “A carne de porco está segurando um pouco por enquanto, porque quando chegar setembro, outubro, com a aproximação do Natal, consequentemente vai aumentar mais.”
ELEVAÇÃO
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço das carnes subiu 43% em Belo Horizonte nos últimos 12 meses, entre julho de 2020 e junho deste ano.
A alta dos preços e a perda de renda dos brasileiros durante a pandemia fizeram com que o consumo de carne caísse ao menor nível dos últimos 25 anos, segundo a Companhia Nacional de Habitação.
"NÃO ESTÁ CARO"
Contrariando estes dados, o presidente da Associação de Frigoríficos de Minas Gerais, Espírito Santo e Distrito Federal, Sílvio Silveira, afirma que o preço da carne não está caro. “A carne não está cara. Os produtos de alimentação subiram muito mais que a carne. A carne está com preço de mais de um ano atrás, a carne não subiu nesse período. Você pode olhar desde uma ano para cá que o boi subiu, que estava defasado há quatro anos, aí o boi subiu, senão o produtor não produzia, subiu há mais de um ano atrás. Hoje o preço do boi está caindo.”
EXPLICANDO
Para o economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Isaque Carlos, são dois os motivos que explicam o aumento no preço da carne: alta nas moedas estrangeiras e aumento no preço de insumos usados para engorda dos animais, como soja e milho.
“Nós temos dois fatores que levam ao aumento do preço da proteína animal recentemente. O primeiro fator é custo, soja e milho são commodities que estão sobrevalorizadas desde o início da pandemia por questões associadas a oferta e demanda e são a base da ração para criação de proteína animal, então isso torna os custos maiores. O segundo fator está diretamente associado a demanda, as medidas de isolamento social e anticíclicas adotadas em todo mundo mantiveram elevada a demanda por proteína animal e com demanda elevada a possibilidade que os produtores repassem preços”, explica.
Com Itatiaia