Mulher salva vida de 17 vizinhos nadando em enchente no interior de Minas
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Considerada uma heroína no bairro Pantanal, em Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, Maria Geralda Moreira de Carvalho, 55, salvou 17 vidas. A senhora de 1,54m de altura não se apequenou diante do volume de água que atingiu 2m de altura inundando casas e fazendo da Rua Venceslau Brás um verdadeiro rio.
“Eu não podia deixar essas pessoas morrerem. Eu sei que corri risco, mas não podia deixá-las para trás”, conta ao descrever que não teve medo de realizar o ato de bravura. Apesar do susto, não houve registro de mortes. Ela chegou a colocar crianças nas costas e até mesmo atravessar adultos em um isopor da espessura e tamanho de um colchão de cama.
Assim como os vizinhos, ela teve a casa toda inundada pela cheia do Rio das Velhas no último final de semana e não teve um móvel que saiu ileso ao mar de lama. Tentando limpar a própria residência, avalia que apesar das perdas materiais, o maior ganho foi ter salvado as pessoas, mas que ainda não sabe como vai retomar a vida. "Eu não sei o que vou fazer. Só Deus", conta com a voz embargada. "Porque ainda estou tirando muita coisa de dentro de casa e colocando para fora", aponta os colchões, guarda-roupa, roupas e eletrodomésticos envoltos numa camada grossa de lama.
Ela mora de aluguel no local há quatro anos com duas netas e um filho adulto. Atualmente, todos estão dormindo em um sítio que está servindo de abrigo para aqueles que não conseguem voltar às suas casas.
Limpeza de vias
A defesa civil municipal estima que 7 mil pessoas estejam desalojadas e aproximadamente 300, desabrigadas. O órgão, juntamente com o Corpo de Bombeiros, realizou o resgate de cerca de 100 pessoas ilhadas até terça, dia 11. Foram utilizadas aeronaves e embarcações.
Segundo a prefeitura de Santa Luzia, algumas vias de acesso da cidade já foram desobstruídas para o tráfego de veículos: Ponte Velha, Ponte Nova e Rua do Comércio. Nesta quarta-feira, equipes realizam a limpeza da cidade na Avenida Beira Rio, próximo ao trevo do Vésper, Bairro Pantanal e na Avenida Raul Teixeira da Costa, no bairro Boa Esperança.
Para retirar a lama e rastro de destruição deixado pelo Rio das Velhas estão sendo utilizadas cerca de 50 máquinas, entre caminhões hidrovácuos – que sugam a lama, caminhões pipa, caminhões basculantes, patrol e retroescavadeiras.
A defesa civil informou que não realizou vistorias em imóveis para checar se há risco de desabamento de estruturas e risco geológico. Até o momento, o órgão trabalha na resposta aos chamados da população.
Da redação com O Tempo