Está preso o homem de 32 anos, morador de Belo Horizonte, que usava perfis falsos no Instagram para extorquir mulheres em troca de vídeos e fotos íntimas, muitas delas em situações constrangedoras, segundo a investigação da Polícia Civil. Os detalhes do inquérito foram divulgados nesta quinta-feira (03) e apontam que quatro vítimas, todas de Minas Gerais, já foram identificadas. A suspeita é que mais mulheres, incluindo pessoas de fora do estado, tenham sido extorquidas pelo suspeito.

Foto: Vídeopress Produtora

De acordo com o delegado Eduardo Hilbert Martins, a investigação começou em julho de 2021, quando uma vítima procurou a Polícia Civil em busca de ajuda. Segundo o relato da mulher, fotos e vídeos íntimos dela haviam sido vazados para familiares e vizinhos por um homem que a estava extorquindo em troca de novas imagens.

“Em meados de julho essa primeira vítima nós procurou e falou que estava sendo chantageada por um indivíduo que tinha dois perfis falsos no Instagram. Em investigação técnica foi possível extrair dados, e também contamos com a ajuda da plataforma, o que nos ajudou a encontrar o responsável pelos perfis”, explica.

A prisão do homem, que é diretor da Galoucura e não teve o nome revelado, ocorreu em uma das sedes da entidade, na Região Nordeste de Belo Horizonte, no dia 26 de janeiro. Ele foi localizado no momento em se preparava para deslocar em comboio até Nova Lima, na Grande BH, onde o Atlético jogou contra o Villa Nova pelo Campeonato Mineiro.

Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, policiais localizaram na casa do suspeito um revólver calibre 38, celulares e diversas mídias.

Como funcionava

A aproximação do suspeito com as vítimas acontecia da seguinte forma, segundo a Polícia Civil: através dos perfis falsos no Instagram, ele buscava mulheres, preferencialmente mães solteiras, com idades entre 18 e 25 anos. Os alvos eram escolhidos em páginas de divulgação de perfis, lojas de roupa e até em perfis de conhecidos do suspeito.

Na primeira abordagem, o homem oferecia R$ 100 em troca de fotos íntimas e conversas por vídeo chamada. Ele então armazenava os arquivos e ameaçava divulgar para pessoas conhecidas das vítimas, caso elas não enviassem novos materiais, muitos deles em situações embaraçosas e humilhantes.

“Não eram todas as vitimas que caiam, mas muitas delas aceitavam por necessidade. Em dois casos ele chegou a pagar, como prometido. Mas depois começava a extorsão e as vítimas se viam presas às vontades do homem, com medo de terem o material divulgado para os conhecidos”, relata Martins.

O suspeito era insistente e, mesmo após ser bloqueado, ele criava novos perfis para continuar com a extorsão. Em uma das conversas divulgadas pela Polícia Civil, o homem insiste para que a vítima consiga atrair as amigas para o esquema. Em outra, uma vítima chega a fazer um apelo, dizendo que o irmão estava internado com câncer, mas a extorsão prossegue da mesma forma.

“Ele solicitava somente esses vídeos e fotos e cada vez mais o nível de exigência era maior, criando situações constrangedoras para as vítimas em alguns momentos. O que apuramos até agora é que isso era para satisfação pessoal dele”, diz o delegado.

Deslize

Além do auxílio do Instagram para localizar o responsável pelos perfis, a Polícia Civil contou com deslize do autor dos crimes para identificá-lo. “As vítimas não conheciam o suspeito e não sabiam qual era a real identidade dele. Mas em uma das vídeo chamadas feitas com essas mulheres, houve um descuido e ele mostrou parte do rosto. Isso foi fundamental para que possamos identificá-lo e prendê-lo”, relata o delegado responsável pela prisão.

Na delegacia, o homem confessou os crimes e admitiu que poderiam haver ainda mais vítimas. Ele foi enviado para o Ceresp Gameleira e deve ser indiciado por extorsão, divulgação de vídeos e fotos íntimas e posse ilegal de arma de fogo.

Da Redação com OTempo