No Dia Mundial do Meio Ambiente veja quais os males que a poluição do ar podem causar a saúde
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Pode ser que, neste momento, você esteja lendo esta matéria no ônibus, indo para o serviço. Em meio ao trânsito, talvez já até tenha se esquecido de que o ar que está respirando está poluído. Se você está em casa, a qualidade do ar também não deve estar das melhores. Se já chegou ao escritório, talvez não escape de maltratar um pouco o seu organismo durante todo o dia fechado aí, mesmo contra a sua vontade.
Muda o tipo de contaminação dependendo de onde você se encontra, mas permanece o problema: a má qualidade do que você leva para os seus pulmões. O assunto é tão sério que neste 5 de junho, em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, o tema é justamente a poluição do ar. As celebrações, que estão sendo sediadas na China em 2019, estão voltadas para essa questão que aflige a humanidade e que tem se tornado cada vez mais preocupante nos últimos anos.
Por que estamos enfrentando esse cenário? Elizabeth Ibraim, professora de engenharia ambiental do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH), ressalta que o ser humano tem uma grande responsabilidade em relação a isso.
O desmatamento seguido de queimadas, os incêndios, o grande número de veículos transitando nas cidades (que têm muitos edifícios e poucas árvores) são alguns dos fatores que contribuem para o quadro negativo.
E a profissional vai além. Ela detalha que os problemas não acabam por aí. Existe toda uma reação em cadeia. Da poluição surge a chuva ácida, que sai contaminando o que encontra. “O solo vai receber essa água, o que interfere na vegetação. É ação e reação. Se mandarmos para o meio ambiente somente algo negativo, nós e todos os seres vivos iremos sofrer as consequências. Cada vez mais, poderemos ter uma má qualidade de vida”, avalia ela.
Em nós
Sim, se fala muito que a poluição do ar nos afeta negativamente. Mas, afinal de contas, o que acontece no nosso corpo quando respiramos um ar, digamos, ruim? Primeiramente, conforme ressalta Valéria Augusto, pneumologista e professora do curso de medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), nós fomos feitos para respirar ar puro. Quando esse elemento da natureza se mistura a substâncias estranhas à sua composição, elas vão sendo depositadas no pulmão e causam diferentes tipos de agressão. “As reações podem ser desde crises de tosse, irritabilidade, dor de cabeça, até câncer no pulmão, que é mais ligado ao tabaco e à exposição ao amianto, muito utilizado pelas indústrias”, diz ela.
Além disso, muita gente subestima a contaminação dentro de casa (aquela que citamos logo no início desta matéria), nos escritórios ou nos carros. Valéria afirma que ela é real e, muitas vezes, é o que desencadeia boa parte das queixas nos consultórios. “As pessoas ignoram muito a exposição dentro da própria casa ao mofo e ao ácaro, por exemplo, que pode desencadear asma, bronquite, entre outras doenças respiratórias”, avalia ela. “As casas atuais, mais fechadas, com computadores, fios, com locais de difícil higienização, acabam resultando nisso”, destaca.
Valéria frisa, ainda, que os escritórios e carros, geralmente equipados com ar-condicionado, também podem oferecer riscos caso não sejam tratados com o devido cuidado. “A manutenção e higienização do ar-condicionado precisa ser muito cuidadosa”, afirma.
Menos inteligência, impotência e morte
Os dados em relação à poluição do ar são alarmantes. Ela, inclusive, está matando mais pessoas por ano do que o tabaco. Isso é o que diz um estudo publicado no periódico European Heart Journal. Pesquisadores afirmam que a poluição tirou 8,8 milhões de vidas em 2015 – destas mortes, cerca de 40% a 80% foram ocasionadas por doenças cardiovasculares.
Já uma pesquisa realizada pela Universidade de Guangzhou, na China, relaciona a fumaça liberada por veículos com a impotência sexual. O estudo, realizado com ratos, mostrou que, quanto maior o tempo a que os animais estiveram expostos à poluição, mais problemas eréteis eles apresentaram.
Mas os resultados ruins não param por aí. Uma pesquisa publicada no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences mostra que a poluição do ar reduz a inteligência. Testes de linguagem e de matemática foram feitos com cerca de 20 mil pessoas. Os resultados dos exames foram comparados com informações acerca da concentração do dióxido de carbono e dióxido de enxofre onde esses indivíduos viviam. Pesquisadores chineses chegaram à conclusão que quanto mais tempo exposto ao ar contaminado, maior a perda de inteligência, podendo chegar ao equivalente a um ano de estudo (JS).
Com O Tempo