Mudanças nos ônibus da Turi não têm agradado usuários
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Mudanças recentes em algumas linhas de ônibus da empresa Turi em Sete Lagoas têm despertado a curiosidade e, principalmente, a insatisfação dos usuários com o serviço de transporte público da cidade. Nas últimas semanas, a empresa começou a implantar um novo tipo de catraca, mais alta que a de costume. Se antes elas ficavam na altura da cintura, agora vão até a altura da cabeça de quem passa.
O objetivo do novo equipamento é evitar que pessoas pulem a catraca e sigam viagem sem pagar a passagem, como tem acontecido com frequência, segundo o gerente da empresa, Roberto Pereira. Em uma filmagem do sistema de câmeras de uma linha de ônibus, no dia 15 de abril, às 5h, é possível ver 21 indivíduos pulando a catraca. A situação se repete em diversos registros e a quantidade de pessoas surpreende.
“Começou em algumas linhas específicas, com motoristas sendo ameaçados juntamente com cobrador. Outras cidades também enfrentam este problema e nós começamos a achar uma solução caseira para impedir e dificultar ainda mais este tipo de vandalismo. Nós tivemos que fazer uma adaptação, com a autorização da Secretaria de Trânsito e da Polícia Militar. Reduziu, mas não acabou”, esclarece Roberto.
Ao se deparar com a estrutura, bem maior que a que estão acostumados, a primeira reação de alguns usuários é de espanto. Há também os que acharam graça da novidade e não entendem o motivo da troca. O fato é que passar pela roleta ficou ainda mais complicado, mesmo para quem pretende pagar a passagem. A nova catraca dificulta o trânsito do passageiro, que piora quando ele está carregando sacolas ou bolsas.
O vídeo abaixo foi feito na manhã da última quarta-feira (15), em um ônibus da linha JK/Progresso. As imagens mostram o momento em que um passageiro precisa pedir ao motorista para abrir a porta de saída do ônibus, porque estava com uma mala de mão e uma sacola e não conseguiria passar pela catraca.
A visível dificuldade de senhoras idosas que precisaram de ajuda para passar pela catraca provocou a revolta da passageira Darly Braga, que usa o transporte diariamente: “Perguntaram se a gente queria isso aqui? Agora, por causa de uns gatos pingados, a gente paga com os dentes. O cara quando quer assaltar, ele não tá nem aí, ele abre aquilo ali atrás no braço”, disse enquanto apontava para a porta. Ela sugeriu diversas vezes aos outros passageiros que denunciassem o fato.
A ausência de cobrador
A passageira Darly também criticou a ausência de cobrador em algumas linhas, algo que vem acontecendo a alguns meses, fazendo com que o motorista acumule as funções, o que acaba atrasando o serviço. “O motorista vai descer para mexer com elevador e por nossa segurança em risco? Põe o motorista para cobrar passagem, tira este daqui (o cobrador) e põe ele (o motorista) para cadeirante, para gente idosa, para gente que precisa, e ninguém reclama, ninguém fala nada. A Turi está tomando o espaço. Ela é uma prestadora de serviço, mas quem paga somos nós”, alegou.
De acordo com o gerente da Turi, a retirada dos cobradores de algumas linhas de ônibus se deu em virtude da grande quantidade de assaltos. Com esta medida, seguindo o exemplo de outras cidades mineiras, a empresa pretende implantar o sistema de bilhetagem eletrônica.
“Nós já temos diversas linhas com alto índice de bilhetagem, a utilização do cartão é grande em horários muito específicos. Inicialmente, retiramos o dinheiro de onde estava tendo mais assaltos e já tinha um índice maior de utilização do cartão”. Para tentar minimizar o problema, a empresa tem disponibilizado cobradores itinerantes e pessoas para auxiliar cadeirantes e outros que necessitem utilizar o elevador de acesso no terminal. Porém, nem todas as linhas contam com esta ajuda.
O decreto 3145 de 14 de outubro de 2005, que regulamenta o transporte coletivo na cidade, não determina a obrigatoriedade ou não da presença do cobrador durante as viagens. De acordo com a Secretaria Municipal de Trânsito, a situação observada já está sendo analisada pelo setor jurídico da prefeitura.
Em Belo Horizonte, motoristas e cobradores fizeram uma paralisação no dia 25 de abril em protesto contra o projeto de lei 1881/2016, que pode descartar a necessidade da presença do cobrador dentro dos ônibus. O projeto autoriza a implantação da bilhetagem eletrônica no transporte público da capital, mas foi vetado pelo prefeito Márcio Lacerda no final do mês de maio, diante da possibilidade de demissões.
Por Marcelle Louise