Entre as 17 culturas de alimentos coletadas pela Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde (SES), em 2008, apenas seis não apresentaram índices insatisfatórios quanto ao uso de agrotóxicos. Foram analisadas amostras de abacaxi, alface, arroz, banana, batata, cebola, cenoura, feijão, laranja, maçã, mamão, manga, morango, pimentão, repolho, tomate e uva.

"Os resultados insatisfatórios de 2008 se referem à identificação de agrotóxicos de uso não autorizado ou em níveis acima do limite permitido para a cultura, sugerindo que as Boas Práticas Agrícolas (BPA) não estão sendo aplicadas pelos agricultores. Medidas mais eficientes devem ser implementadas", explicou a gerente de Vigilância de Alimentos, Cláudia Parma, adicionando que os números apurados no Estado estão dentro da média do país.

A gerente salienta que importante que os órgãos responsáveis pela saúde, trabalho, meio ambiente e agricultura estejam atentos às condições de trabalho dos agricultores, principalmente daqueles com menos recursos financeiros e menor nível de instrução. "Eles são responsáveis por grande parte da produção de frutas, legumes e verduras consumidos no país e, geralmente, estão mais expostos aos agrotóxicos e às intoxicações agudas e crônicas", assinalou.

Em Minas Gerais, a partir dos resultados insatisfatórios nas amostras analisadas, foi criado um grupo técnico composto por várias instituições com o objetivo de propor estratégias de intervenção, com a participação da Secretaria de Estado de Saúde (SES), da Vigilância Sanitária do município de Belo Horizonte, além de órgãos como as Centrais de Abastecimento de Minas Gerais S.A. (Ceasa/MG), Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater/MG), a Associação Mineira de Supermercados (AMIS) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Consumidor

O consumidor deve optar por alimentos que tenham a origem identificada, pois isto, além de propiciar o rastreamento do produto, aumenta o comprometimento dos produtores em relação à qualidade dos alimentos, com a adoção das boas práticas agrícolas, fortalecendo as iniciativas dos programas estaduais e as da rede varejista para o controle das contaminações nos alimentos. "Ressaltamos, entretanto, que os procedimentos de lavagem, retirada de cascas e folhas externas de verdura podem contribuir para a redução daqueles resíduos de agrotóxicos presentes apenas na superfície dos alimentos, embora este procedimento não se aplique para todos os agrotóxicos", comentou Cláudia Parma.

Além disso, optar por consumir alimentos da época ou produzidos por métodos de produção integrada, que a princípio recebem uma carga menor de agrotóxicos, ou consumir alimentos orgânicos que não utilizam agrotóxicos para serem produzidos, também podem contribuir para a redução à exposição de resíduos químicos.

Programa

O Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) foi iniciado em 2001 pela Anvisa, com o objetivo de prevenir agravos à saúde da população pela exposição aos agrotóxicos por meio dos alimentos. Dessa forma implantou, nacionalmente, o monitoramento anual dos níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos que chegam à mesa do consumidor e adotar medidas de controle cabíveis. A SES-MG participa do Programa PARA desde 2001 sendo coletadas amostras, anualmente, pela vigilância sanitária do município de Belo Horizonte.

A agência coordena o programa em conjunto com as Coordenações de Vigilância Sanitária de Alimentos dos 25 estados da Federação atualmente integrantes do PARA, os quais vêm realizando os procedimentos de coleta dos alimentos nos supermercados para posterior envio aos laboratórios. As análises dessas amostras, em 2008, foram realizadas pelos seguintes laboratórios: Instituto Octávio Magalhães (IOM/FUNED/MG), Laboratório Central do Paraná (LACEN/PR) e pelo Instituto Tecnológico de Pernambuco (ITEP).

Veja em imagens o quadro com o índice de agrotóxicos em alguns alimentos