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Grupos de WhatsApp motivam 77% dos problemas nas escolas

Sabe aquela “treta” que volta e meia ocorre no grupo de WhatsApp da família, de amigos ou do trabalho? Ela também acontece nas escolas entre alunos e pais e, muitas vezes, os conflitos saem do aplicativo, chegam às salas de aula e se transformam em um problema sério para escolas, crianças e adolescentes. A quarta edição da pesquisa Escola Digital Segura, elaborada pelo Instituto iStart, apontou que 77,7% dos incidentes escolares envolvem o “inofensivo zap-zap”. Seis em cada dez colégios já tiveram casos de desentendimentos em grupos formados por mães ou por familiares dos estudantes.

Maioria dos problemas em escolas são motivados por grupos de WhatsApp/Foto: DivulgaçãoMaioria dos problemas em escolas são motivados por grupos de WhatsApp/Foto: Divulgação

A advogada Patricia Peck Pinheiro, especialista em direito digital e idealizadora do Instituto iStart, relata um desses papos polêmicos em um grupo de mães: “Uma delas disse: ‘vamos lembrar de colocar o desodorante na mochila das crianças’; a outra respondeu: ‘pior que aluno sem desodorante é criança com perfume barato’; e veio outra: ‘nem todo mundo é perua para ficar no shopping comprando perfume caro’; e mais uma: ‘não tenho culpa que você é pobre’”. A conversa, conta Patrícia, continuou na escola e foi parar na delegacia, porque algumas mães se sentiram ofendidas e não queriam mais que os filhos fossem da mesma sala.

Casos.

Das 200 escolas pesquisadas em todas as regiões do país, mais de 80% registraram até 50 ocorrências digitais nos últimos dois anos – problemas gerados por grupos, ciberbulling e brigas motivadas por posts. “Temos agora a fofoca digital, aquele papo de corredor ou de praça, que vai ficando documentado no celular. Estamos muito deslumbrados com essa nova tecnologia. A gente tem orientado pais, alunos e comunicadores, que temos que buscar uma comunicação mais objetiva. Usar a ferramenta de uma forma ética e educada”, explicou Patrícia, destacando que a linguagem coloquial do brasileiro por mensagem gera diferentes interpretações.

A cultura do uso de emojis (aqueles ícones divertidos) também pode causar desentendimentos. “Um jovem pega aquele emoji do cocozinho e manda, a pessoa pode achar engraçado ou pode achar que mandou um cocô. Se for aqueles que tem corações e beijinhos, pode parecer excesso de intimidade”, ilustrou Patrícia. Mas hoje, é raro conhecer alguém que não tenha o WhatsApp no celular. O fato é que as crianças estão levando o aparelho para escola cada vez mais cedo, antes era com 12 anos, agora, informou a advogada, há crianças de 6 anos com celular. “A inclusão digital tem que ser feita com educação”, ponderou ela.

Abordagem

Sala de aula. Em 70,3% das escolas ouvidas pela pesquisa, os conteúdos pedagógicos ou atividades específicas envolvem o tema da ética e segurança digital.

Cuidados ao deixar o celular com crianças

“O celular é um recurso muito poderoso. Tem que tomar cuidado (ao deixá-lo com crianças). Vai que um menino tira a foto do bumbum do outro no banheiro, achando que é uma brincadeira, mas, depois que compartilhou, aquele conteúdo não tem volta.” Patrícia Peck Pinheiro, Advogada especialista em direito digital.

Cuidados precisam ir além de ciberbullying

O WhastApp tem gerado tantos problemas que, conforme a pesquisa, o ciberbullying deixou de ser o principal causador de conflitos. No estudo realizado em 2015, ele correspondia a 75% das ocorrências e, agora, caiu para 48,4%, enquanto os grupos de WhatsApp estão envolvidos em 77,7%. Mas o que ocorria no Facebook migrou para grupos do aplicativo de conversa.

Depois que a Lei 13.185, de combate ao bullying e ao ciberbullying, entrou em vigor, em 2016, 77,7% das escolas perceberam diferença nos comportamentos da comunidade, apontou a pesquisa. E 74% das escolas responderam que têm conseguido realizar a campanha preventiva anual obrigatória. “Tem que aumentar as campanhas preventivas e educativas para falar do WhatsApp e do uso do celular. Falar só de ciberbullying não é mais suficiente”, afirmou a advogada Patrícia Peck Pinheiro.

Atualmente, 23 Estados possuem leis que proíbem o uso do celular em sala de aula. Três Estados estão com projeto de lei para proibir, e apenas o Acre não tem proibição, conforme pesquisou o Instituto iStart. “O que acontece dentro do celular do aluno a escola não tem gerência, está na grande rua digital, mas os reflexos acabam alcançando a escola”, enfatizou Patrícia, que dá as dicas finais: cuidado com o uso da linguagem, não deixe entrelinhas, o que está registrado é uma prova.

Da Redação com OT



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