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Milhares de 'tatuagens' contra o assédio serão distribuídas em blocos durante o carnaval em BH

É umas das primeiras palavras que aprendemos a falar e uma das que mais usamos no dia a dia. Apesar disso, nem sempre ela é entendida, ainda mais quando se trata de assédio. Para reforçar que “Não é Não” e que essas três letras precisam ser respeitadas, milhares de tatuagens temporárias serão distribuídas para mulheres no carnaval de Belo Horizonte.

Foto: Saulo Duarte/DivulgaçãoFoto: Saulo Duarte/Divulgação

“Infelizmente, o corpo feminino é muito objetificado ainda, e o carnaval é um ambiente que propicia o aumento de assédio. (...) A gente busca levar o entendimento para o público sobre o que é o assédio e quais medidas tomar”, explica a advogada Lívia Maris, de 35 anos, uma das integrantes do movimento “Não é Não” em Minas Gerais.

A campanha foi criada em 2017 por um grupo de amigas do Rio de Janeiro, após uma delas sofrer um assédio. Segundo Lívia, a inciativa se espalhou e agora está presente em sete capitais.

Este é o segundo ano em que o projeto dará o recado na capital mineira e, desta vez, contará com o apoio de mais de 30 blocos, 13 marcas e diversos coletivos, segundo a advogada. Para ela, a resposta dos foliões em 2018 foi positiva, mas ainda tem muita gente que não se ligou na diferença entre assédio e paquera.

"O cara te beijou à força? Passou uma 'mão boba'? Puxou seu cabelo ou te agarrou pelo braço? O cara não aceitou sua rejeição e continuou insistindo? Quando finalmente desistiu de te assediar te xingou de vagabunda? Isso é assédio. Encostou em você sem consentimento, é assédio", exemplifica.

Para que as tatuagens possam ser produzidas e distribuídas já no pré-carnaval, o coletivo colocou no ar uma campanha de financiamento coletivo. Quem contribui com o projeto recebe recompensas produzidas por artesãs locais, como acessórios de carnaval, bolsas e bioglitter. Até a tarde dessa terça-feira (15), mais de R$ 10 mil haviam sido arrecadados, o que garante a confecção de pelo menos 5 mil tatuagens.

Lívia destaca que um dos principais objetivos da campanha é contribuir para que o carnaval seja um ambiente seguro para todas as mulheres.

“Durante o carnaval, os tipos de assédio são diversos, pois o corpo da mulher e também das pessoas LGBTQI ainda é considerado 'público', como se todos pudessem usufrui-los sem consentimento. É culturalmente aceito que isso aconteça, por isso tantas situações são vividas e presenciadas nesse ambiente festivo em que ‘tudo pode’, mas não é bem assim. Pode quando há consentimento, o carnaval precisa ser um ambiente seguro para todas nós, afinal, a palavra 'não' é confundida com 'sim' ou 'talvez' muitas vezes”, afirma a advogada.

Foto: Bitar e Paiva/DivulgaçãoFoto: Bitar e Paiva/Divulgação

Nos anos anteriores, alguns casos de assédio ganharam repercussão no carnaval de Belo Horizonte ao serem denunciados pelos próprios blocos durante o desfile. Um deles ocorreu, no ano passado, no Garotas Solteiras, como relembra Lívia. “Uma menina estava sendo assediada e conseguiu avisar bateria. O regente parou o cortejo e ela foi ajudada”, conta.

De acordo com a advogada, para orientar os blocos sobre como proceder nesse tipo de situação, uma cartilha será distribuída.

Para as vítimas de assédio, ela também dá algumas orientações. “Quando ela estiver sozinha, procurar outras mulheres que possam ajudá-la e procurar agentes de segurança. O recado para os homens é que coíbam, mas que não tentem resolver sozinhos”, diz.

A campanha de financiamento coletivo vai até sexta-feira (18).

 

Com G1



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