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Calor dificulta ainda mais o trabalho de alguns profissionais

A temperatura da massa asfáltica que o rasteleiro Cezinani Ferreira Nicolau, 36, usa na pavimentação de ruas e avenidas de Belo Horizonte chega a 160°C. Mesmo depois do acabamento, o chão ainda fica fumegante por um bom tempo. “Temos que usar botas, abafador para proteger o corpo, máscaras e muito protetor solar. Dá para sentir no rosto o calor saindo do chão”, conta Nicolau, mostrando o solado especial da bota dele. “Senão, derrete”, explica.

Foto: Leo Fontes/ Quem trabalha com recapeamento sofre com temperatura da massa asfálticaFoto: Leo Fontes/ Quem trabalha com recapeamento sofre com temperatura da massa asfáltica

No entanto, essa quentura para ele é “normal”. O que não é normal, reclama, é o calorão deste verão escaldante que tem transformado a capital mineira e região metropolitana em uma “sucursal do inferno”, como ele mesmo diz. “O calor vem de cima e de baixo”, conta.

Nicolau não é o único que anda “suando a camisa” em dobro. Se o calor dos últimos dias já é motivo de reclamação para quem vive na sombra e na água fresca ou em ambientes refrigerados, para muitos submetidos a temperaturas extremas a situação é de penúria. “Bem que gostaria de estar numa piscina agora, tomando uma cerveja gelada. Sinto o calor na pele, mas preciso do serviço”, comenta o forneiro Sebastião Nunes Peçanha, 39. Ele trabalha em uma fábrica de vidro, e as peças, mesmo passando por resfriamento após saírem de um forno a 700°C, chegam às mãos dele a 50°C para serem empilhadas.

Os carteiros também sofrem com o sol e o calor.

Pausa para a sombra

Matuzalém Martins Gonçalves, 34, também está penando com o calorão. Há 18 anos, ele trabalha nos cruzamentos da capital usando uma imensa cabeça de cachorro de pelúcia, como mascote de uma empresa de vigilância. “É muito quente aqui dentro. Estou tendo que driblar o calor. Vou ali, fico dez minutos no sol, volto, descanso uns 15 na sombra, tomo uma água, vou ao banheiro e volto. Dou uma respirada um pouquinho para ver se passa o calor”, detalha Matuzalém, que respira pelos buracos dos olhos do cachorro.

Ele relata que, na última quarta-feira, quando os termômetros na capital atingiram 33,4°C, não conseguiu trabalhar direito. “Tive que tirar a blusa e caçar uma sombra”, reclama. “Deve ter chegado a uns 45°C aqui dentro da cabeça. Uma sauna”, afirma.

A cabeleireira Luciana de Paula Santos, 41, vive entre secadores e pranchas e diz que o cansaço bate mais cedo, por volta do meio-dia. “A bateria vai arriando. Falo que a sensação é mesma do inferno”, diz.

Pode até matar

Graves efeitos - Pessoas expostas ao calor extremo podem até morrer, segundo o médico Gabriel Assis Lopes do Carmo, do Departamento de Clínica Médica da UFMG. “Os efeitos do calor no organismo podem ser bem graves”, diz ele.

Sintomas - Tontura, mal-estar, sensação de fadiga, alterações musculares, tremores e dores no corpo podem ser sentidos.

Hidratação - É importante beber muita água para evitar complicações.

 

Com O Tempo



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