Nesta quinta-feira, 12/04/2012, fui comemorar o casamento civil da minha prima em sua casa. Chegando lá, encontrei vários amigos e familiares, incluindo o Nilsinho. Nil, como é chamado carinhosamente por nós, é um típico filho de família setelagoana que se mudou para Belo Horizonte em busca de uma boa educação nas faculdades da capital mineira. Ontem ele se queixou. Me disse o tanto que sente falta de Sete Lagoas, da qualidade de vida dessa cidade. Lembrou como era bom praticar esporte ao ar livre, correr nas lagoas, principalmente na da Boa Vista. Citou o Max, colunista deste site.
Lembro que a 5 anos atrás a minha clínica patrocinou a participação dele e de outro “atleta” numa corrida de aventura realizada aos arredores da Serra. Me relatou que em Belo Horizonte, quem mora na área central não tem a oportunidade de praticar uma atividade física em lugares abertos como em Sete Lagoas… E eu concordando com aquilo tudo. A cada palavra sua agradecia a Deus por ter voltado pra Sete Lagoas depois da faculdade e pós-graduação em Belo Horizonte. Ter voltado por acreditar nesta cidade, por em prática tudo que aprendi em prol do meu amor ao esporte.
A festa acabou, despedi dos meus amigos, que no mesmo dia voltariam para a capital percorrendo a movimentada “avenida 040”. Cheguei em casa feliz, por encontrar amigos, por morar nessa cidade, que apesar de tudo ainda tem um pingo de qualidade de vida. Pois bem, abri meu facebook, como de costume, e vejo centenas de mensagens em protesto com algo que acabara de acontecer na Lagoa da Boa Vista: A Secretaria do Meio Ambiente de Sete Lagoas mandou fechar, acabar com todas as assessorias esportivas que promovem o treinamento de corrida e caminhada em volta da lagoa. Fiquei estarrecido. Participo de um grupo de corrida, vou a Lagoa do Boa Vista toda semana. A cada dia aumenta os praticantes de atividade física naquele local. Já fiz consultas em volta da lagoa, com o maior prazer e de graça, em pessoas que nunca teriam condições de serem avaliadas por um profissional, meço a pressão arterial dos caminhantes que não tem nada a ver com os grupos de corrida lá. Incentivamos cada “guerreiro” que passa em nossa frente, e que está ali desfrutando do prazer que a atividade física proporciona.
Aquele lugar é uma resistência ao descaso público com o esporte setelagoano. É um oásis no meio de tanta desorganização e falta de incentivo do poder público dessa cidade. Agora não pode mais incentivar a saúde naquele local. Por que não? Barulho? Se medir o barulho dos grupos é 1% dos carros com o seu funk que circulam livremente na orla da Lagoa Paulino e que sempre incomodaram os moradores de lá. Estão tomando muito espaço do local? Simples, é só organizar, palavra que não deve constar nos dicionários do poder público desta cidade.
Não se pode trabalhar na rua? O que me dizem da pracinha da pizza no centro da cidade, lugar que se você passa a pé será disputado a tapa pelos “comerciantes” do local. Não poderá haver mais feirinha da Boa Vista, feirinho do Centro. Tem que pagar mais algum imposto? Que se pague, mas também que seja justo. Não mais um dos milhares que deveriam tapar os buracos das ruas, de deveriam nos dar um atendimento dígno na saúde pública e que deveriam cuidar principalmente dos lugares públicos de lazer dessa cidade. Algum leitor dessa coluna tem a coragem de apresentar as 7 Lagoas para algum amigo visitante de outra cidade? A Serra de Santa Helena é um desperdício, todas as lagoas estão jogadas ao acaso, destruídas. A cidade está suja. Panfletos são distribuídos nas ruas livremente, outdoors se multiplicam, o som dos carros estão cada dia mais altos. O trânsito um caos. E a Secretaria do Meio Ambiente proíbe o lazer e o esporte organizado na cidade. Nilsinho meu amigo, ainda tem vaga no seu carro? Acho que ainda vale a pena morar em Belo Horizonte!
Em tempo: Não sou dono de nenhuma asseessoria esportiva, só participo e contribuo para uma. Menos de 5% da minha renda vem de lá. Sou um apaixonado pelo esporte ao ar livre, pela saúde e pela vida. E acho, que esta minha querida cidade não está no caminho certo.
Cristiano Henrique Alves Costa. Fisioterapeuta sócio-proprietário das clínicas Auto Estima e Accés Fisioterapia Esportiva (Academia Nado Livre), Especialista em reabilitação esportiva, SDM, RPG, Método Mckenzie.