Prédio que desabou em Fortaleza 'vinha caindo aos poucos', afirma porteiro sobrevivente
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O porteiro e zelador do edifício Andrea, que desabou na terça-feira (15) em Fortaleza deixando mortos e feridos, afirmou nessa quarta-feira (16) ao G1 que a estrutura do prédio já "vinha caindo aos poucos".
"Descascaram cinco colunas, e uma foi a pior de todas, que eles deixaram o ferro fora [exposto]. Essa foi a [suposta razão por] que o prédio não resistiu e bateu", diz Francisco.
Francisco Rodrigues Alves, de 59 anos, estava no térreo do condomínio no momento do desabamento. Ele é uma das pessoas que aparece correndo nas imagens de uma câmera de segurança que mostram o momento em que o edifício veio abaixo.
Rodrigues afirma que os moradores não foram informados de que não era seguro ficar no local durante as obras no prédio, iniciadas um dia antes do desabamento.
Moradores relataram que as colunas tiveram o concreto destruído para reforma e ficaram "só no ferro".
O zelador diz que vai buscar indenização: "Eu vou na Justiça, sou pai de família, moro de aluguel."
Ele informou que aguarda ser transferido para o Instituto Doutor José Frota (IJF) para ser submetido a cirurgias.
Até lá, espera em uma maca no corredor do Hospital Distrital Edmilson Barros de Oliveira, o Frotinha Messejana. "Quebrei o braço, levei uma pancada no pé e bati a cabeça. Vou ter que fazer cirurgias", disse.
Viu a síndica antes da tragédia
Maria das Graças Rodrigues, de 53 anos, a síndica do prédio, considerada uma testemunha-chave para a investigação, continua desaparecida.
Francisco Rodrigues afirma ter visto a síndica antes do desabamento.
"Ela estava com a gente lá embaixo, agora a hora do desabamento eu não sei para onde ela foi, eu sei que eu corri até o portão da Rua Tibúrcio Cavalcante e consegui sair", conta.
Até a última atualização desta reportagem, três mortes haviam sido confirmadas pelo Corpo de Bombeiros. Sete pessoas foram resgatadas com vida e outras sete estão desaparecidas.
Prédio estava em reforma
O prédio residencial desabou na manhã de terça-feira (15) no Bairro Dionísio Torres, área nobre de Fortaleza. O Governo do Ceará e a Prefeitura de Fortaleza estimam que havia 20 pessoas no prédio no momento do desabamento.
Testemunhas relatam que viram moradores dentro do edifício Andrea no momento do desabamento. Logo após a construção ruir, pessoas foram vistas correndo para longe do condomínio. A nuvem de poeira formada pela queda do prédio pode ser vista no vídeo acima.
Uma ex-moradora do prédio contou ao G1 que a construção tem mais de 40 anos e passava por reforma. A estrutura tinha sete andares e dois apartamentos por andar, segundo ela.
O que se sabe até agora
- Edifício Andrea desabou às 10h28 desta terça-feira (15)
- Até a última atualização desta reportagem, havia 3 mortos, 7 resgatados com vida e 7 desaparecidos
- O prédio ficava no cruzamento na Rua Tibúrcio Cavalcante com Rua Tomás Acioli, a cerca de 3 quilômetros da Praia de Iracema, região turística da capital cearense
- A prefeitura disse que a construção do prédio foi feita de maneira irregular e ele não existia oficialmente, mas o G1 localizou o registro do imóvel em um cartório da capital: a existência do edifício é conhecida desde 1982
- Testemunhas contaram que o edifício estava em obras
- Vídeo mostra que as colunas de sustentação estavam com situação precária
- Ruas no entorno do edifício foram bloqueadas e sete imóveis próximos ao local do desabamento foram interditados