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Tragédia em Brumadinho: militar fala sobre resgate emocionante de uma mãe

Salvar uma vida da lama de rejeitos, num desastre de magnitude como a de Brumadinho, não é algo corriqueiro, principalmente em vista da grande quantidade de mortos confirmados. Mas um dos socorristas que atuou no salvamento das pessoas atingidas e vítimas não apenas salvou uma pessoa que quase morreu, como ainda reuniu uma família das várias dilaceradas por essa tragédia. O sargento Sérgio Natalino, do Batalhão de Rádio Patrulhamento Aéreo da Polícia Militar de Belo Horizonte resgatou, Alessandra Paulista de Souza, de 42 anos, que depois se reencontrou com a irmã, Talita Cristina de Oliveira Souza, de 15. A filha dela, Laís de Souza, de 14, continua desaparecida.

Foto: Sérgio Natalino/Arquivo pessoal/ O sargento Natalino com Alessandra: 'Ajudamos uma família a se reencontrar, numa tragédia que separou tantos pais dos filhos'Foto: Sérgio Natalino/Arquivo pessoal/ O sargento Natalino com Alessandra: 'Ajudamos uma família a se reencontrar, numa tragédia que separou tantos pais dos filhos'

Na sexta-feira, dia do rompimento da Barragem de Córrego do Feijão, o helicóptero Pégasus da Polícia Militar de Minas Gerais levantou voo para atender ao desastre. Ao chegar, o sargento descreveu o cenário avistado do alto como uma cena de guerra. “Viemos para ajudar no resgate aos sobreviventes nesse primeiro momento. Quando chegamos, vimos tudo acabado, lama para todo lado. Os vilarejos e as casas sumiram, pontes caíram.”

Naquele dia, a aeronave pousou em Brumadinho e embarcou dois bombeiros para serem lançados em campo pelo helicóptero. Foi então que a equipe avistou o que parecia ser um corpo no meio da lama. Os dois bombeiros desceram e o helicóptero teve de ficar pairando, pois o pouso na lama seria impossível.

Ao ver que os bombeiros faziam manobras de reanimação numa mulher, o sargento Sérgio desembarcou e ajudou a trazê-la para dentro da aeronave. As dificuldades eram enormes, pois os ventos obrigavam o piloto a dominar o Pégasus e fazer da máquina uma plataforma estável, enquanto os três militares tentavam trazer para dentro a mulher com suas pernas afundando até os joelhos. “Nesses resgate que estão ocorrendo no meio da lama, não tem como a aeronave pousar. Então, o que conta é a habilidade do piloto, fazendo aquela manobra que chamamos de pairado”.

Quando, por fim, ela foi embarcada, o sargento a deixou numa posição mais confortável, no seu colo e deitada no banco. “A gente sempre acredita que as pessoas poderão sobreviver, por isso, quando vimos que havia esperança, não desistimos. Nosso papel é procurar e ajudar sem parar”, conta.

O sargento conta que a mulher estava tão suja com uma grossa camada de lama de rejeitos que ele não conseguia enxergar direito o seu rosto. “Foi quando percebi que ela mexeu a perna, tentando me ajudar a embarcá-la. Nesse momento, vi que era uma pessoa que poderia sobreviver e me agarrei a isso. Pensei ‘ela está viva, graças a Deus’”, lembra.

Aos poucos, o militar ia limpando o rosto da mulher, enquanto o piloto a levava para Brumadinho, onde ela seria encaminhada a um atendimento de urgência no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte. “Ela tinha barro demais nos olhos, no nariz, na boca. Comecei a limpar o rosto dela para ela respirar e eu tentar conversar com essa vítima”, conta.

Ao perguntar se ela poderia conversar, a mulher fez um grande esforço para responder. “Ela disse que se chamava Alessandra e que tinha 43 anos, mas que tinha duas filhas dela que estavam na casa e que estavam também desaparecidas”, disse. “esses nomes não saem da minha cabeça Talita, de 15 anos, e Laís, de 14 anos. Mesmo fraca, ela demonstrou preocupação, ansiedade. Um certo desespero, que é natural, perguntando se iríamos salvar as meninas”, recorda.

As palavras do militar mineiro foram de conforto. “Falei que nós não íamos desistir. Que iríamos procurá-las e as localizar, se Deus quiser. Aí, ela se acalmou e pudemos encaminhá-la para o Samu”, disse. O caso, para o militar, foi um dos mais emocionantes da sua carreira. “As pessoas muitas vezes não sabem, mas a PMMG ajuda muito acidentados e necessitados. São policiais feridos, gente que precisa ser resgatada. Mas esse caso foi ainda maior, porque não apenas salvamos mais uma vida, como ajudamos uma família a se reencontrar, numa tragédia que separou tantos pais dos filhos. Tenho uma filha pequena e só de pensar em ela estar desaparecida, longe de mim, é devastador”, considera.

Sargento Sérgio Natalino entrou na Polícia Militar em 1994. Serviu no 34 Batalhão, em BH, no Gate e Batalhão de Choque, entre outros até chegar, em 2006, ao Batalhão de Rádio Patrulhamento Aéreo. “A Polícia Militar não apenas prende, mas também salva. Aliás, quando prendemos, também estamos salvando”, disse.

 

Com Estado de Minas



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