Solidariedade: alunos de BH enviam 150 cartas para crianças atingidas por tragédia de Brumadinho
- Categoria: Minas
“Eu me coloco no seu lugar, eu estou sentindo a sua dor”, disse a professora Tânia Tôrres sobre o conteúdo de mensagens que estudantes de Belo Horizonte estão enviando para crianças que vivem em Brumadinho e foram afetados pelo rompimento da barragem da Vale. São 150 cartas escritas por alunos entre 9 e 11 anos de uma escola municipal.
No dia 25 de janeiro, a barragem 1 do Complexo Mina Córrego do Feijão se rompeu. Até esta sexta-feira (15), 166 mortes foram confirmadas e 144 pessoas seguiam desaparecidas. A tragédia levou pais, filhos, amigos, vizinhos e devastou o distrito. Desde então, ações sociais tentam levar algum tipo de conforto em um contexto de muita tristeza.
“O aluno se colocou no lugar de outra criança que teve uma experiência totalmente diferente da dele”, disse Tânia, que leu todas as cartas. O tema esperança também apareceu espontaneamente nas mensagens. “Também falam em ter fé da vida e seguir em frente”, acrescenta a professora.
As cartas começam a ser distribuídas neste domingo (17), a partir das 9h30, durante uma ação social na comunidade Tejuco, que vai oferecer serviços como recreação infantil, cabeleireiro e terá a presença de médicos e terapeutas voluntário. O povoado fica nas proximidades do Córrego do Feijão, onde ocorreu o desastre.
“Vai ser um trabalho de formiguinha, pois também vamos de porta em porta”, contou a professora.
Segundo Tânia, após o rompimento da barragem, uma apresentação sobre mineração foi feita em sala de aula e alunos que tinham visto a tragédia pela televisão se envolveram com o tema.
“Eles ficaram felizes em escrever, em poder participar de alguma forma”, contou. Para ela, a atividade que permitiu trabalhar com as crianças o conceito de empatia e solidariedade também resgata um tipo de comunicação mais sensorial.
“Principalmente a questão de se identificar com o outro e de abertura para um tipo de comunicação que não é tão comum, que é a carta, que é mais pessoal, é física. Tem toda uma questão sensorial, você vai pegar, tem desenho, imagem. Tem criança que colou perfume na carta”, contou.
Tânia, que propôs a atividade ao lado da professora Aline Mara, leciona língua portuguesa, geografia e história na Escola Municipal Cônego Raimundo Trindade, no bairro Piratininga, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte.
Gratidão aos bombeiros
Desenhos, letras coloridas e mensagens positivas estão sendo envidas por crianças aos bombeiros, que há mais de 20 dias trabalham no resgate de vítimas do rompimento da barragem da mineradora da Vale. São cartas para os “heróis de Brumadinho”, como são chamados pelos pequenos, as quais expressam gratidão e admiração aos militares que se arrastaram na lama e seguem na missão de localizar corpos.
Com G1 MG